No último artigo foram abordados panoramas gerais sobre a Alergia Alimentar. Leia neste a continuação sobre o tema, focando no público infantil e na reação do mercado.
A Food Allergy Research & Education (FARE) estima que 5,9 milhões de crianças americanas têm alergias alimentares, sendo que cerca de 30 por cento destas são alérgicas a mais de um alimento. Embora as alergias ao leite, ovo, trigo e soja muitas vezes desapareçam na infância, atualmente essas alergias são superadas mais lentamente do que nas décadas anteriores. Quanto às alergias a amendoim, nozes, peixe e mariscos, geralmente não desaparecem na infância, sendo persistentes por toda a vida da pessoa alérgica.
Nossa equipe conversou com a endócrina pediatra Dra. Eliza Mayumi Sugawara, que comentou quão perceptível é a maior preocupação dos pais com a alimentação dos filhos nos primeiros anos de vida, em virtude de um aumento nos diagnósticos de alergias alimentares em crianças nos últimos anos.
“PRECISAMOS CONFIAR NAS INFORMAÇÕES OBTIDAS NOS RÓTULOS DE ALIMENTOS”
Rótulos de alimentos têm papel fundamental na vida de um alérgico, por este fato, a declaração de possibilidade de contaminação cruzada é não menos importante. Contudo, dadas as evidências disponíveis não foi possível estabelecer um parâmetro de segurança capaz de proteger todos os indivíduos com alergias alimentares, e por isto a RDC nº 26/15 da Anvisa não estabeleceu limites para a declaração da advertência nos rótulos.
Uma vez que não há limites estabelecidos pela legislação, muitas empresas acabam seguindo orientações de certificadoras ou garantem nível zero de detecção e risco ao consumidor. Neste contexto, a confiabilidade e rastreabilidade dos ingredientes passam a ser indispensáveis para que a indústria possa garantir a segurança alimentar ao consumidor. “Precisamos confiar nas informações obtidas nos rótulos dos alimentos”, afirmou a Dra. Eliza, para expor o quanto a classe médica e consumidora apoia-se na responsabilidade dos fabricantes.
FREE-FROM COMO OPÇÃO SAUDÁVEL
Como a única maneira de prevenir uma reação alérgica é evitar o alimento que a ocasiona, a busca por produtos que não contenham alergênicos está ganhando cada vez mais adeptos, haja visto o real aumento nos diagnósticos.
No entanto, uma pesquisa de 2016 apontou que quase 50% daqueles que consumiram produtos livres de alergênicos, provavelmente estão gastando mais com esse tipo de produto em 2017, mesmo sem indicação médica específica para fazê-lo. Mas porque pessoas estão aderindo a este tipo de produto, se estudos comprovam que somente um a cada 10 consumidores é diagnosticado com alergia ou intolerância alimentar, e outros 15% apenas suspeitam possuírem reações adversas? A resposta é que a maioria dos consumidores escolhe alimentos sem alergênicos por razões de estilo de vida, contrapondo-se ao baixíssimo percentual de aderência a este mercado se seguíssemos as estatísticas sobre alergias e intolerâncias alimentares.
O aumento em investimentos na categoria disponibilizou uma enorme gama de produtos nas prateleiras. Com opções free-from ao alimento convencional, o consumidor é impulsionado a comprar pelo magnetismo da alimentação saudável, ainda que eventualmente ocasionado por conceitos confusos e difusos vindos das redes que relacionam o free-from com estilo alimentar, para além de problemas de saúde.
NICHO É OPORTUNIDADE OU DESAFIO?
Sem dúvida, os números apontam otimismo no mercado de alimentos sem alergênicos, embora seja um nicho em comparação com as categorias mais amplas. Como exemplos podemos citar os gastos em mercado de cárneos free from, que representam apenas 1% do gasto com carne vermelha e frango, enquanto o pão sem glúten representa apenas 4% do gasto na categoria de pães.
DE OLHO nas oportunidades, acreditamos que um enorme campo a ser explorado pela indústria passa pelo aumento da oferta de produtos livres de alergênicos destinados ao público infantil. Além da ampliação no segmento infantil, a indústria poderá saborear um mercado em franca expansão, vendo benefícios de produção em larga escala que ajudarão a reduzir os custos e consequentemente os preços no varejo, produzindo um ciclo favorável de crescimento. Esta reação em cadeia nos trará respostas mais claras sobre os reais indicadores de consumo futuro.