A aceitação de alternativas vegetais ao leite vem crescendo em vários segmentos, fazendo dos análogos lácteos um mercado potencial.
As vendas globais de produtos alternativos ao leite atingiram 7,37 bilhões de dólares em 2016 com crescimento estimado de 11,7% em 2017, segundo a Markets & Markets. Essa expansão da busca por produtos de origem vegetal vem aparecendo também no Brasil por motivações bastante variadas, porém de alguma forma relacionadas com uma destas questões: alergênicos, estilo de vida, sustentabilidade ou segurança sobre o processamento e insumos.
Um estudo da Mintel apontou que no Brasil, 90% dos consumidores de leite acreditam que produtos alternativos lácteos devem ser consumidos por qualquer pessoa além das realmente alérgicas ou intolerantes. Ainda, é interessante ressaltar que, na mesma pesquisa, 12% dos brasileiros relataram sentir falta de iogurtes a base de insumos vegetais. Estes são apenas indicativos das possibilidades que se abrem por aqui; ainda que tímidas até o momento, podem crescer tão rápido que é importante abrir o OLHO.
MÚLTIPLAS OPÇÕES DE FORMULAÇÕES
Análogos de produtos lácteos à base de fontes vegetais são provenientes de matérias primas leguminosas, sementes oleaginosas, cereais ou pseudocereais, os quais se assemelham ao leite animal em aparência e consistência. Destacam-se as amêndoas e castanhas como opções oleaginosas, devido ao apelo nutricional e a bebida de arroz por ser a opção com melhor custo e a mais neutra em quesitos de cor e sabor.
Bebidas à base de plantas como alternativa ao leite de vaca existem há muito tempo em todo o mundo, especialmente no oriente. A Sikhye, por exemplo, é uma bebida feita de arroz cozido, extrato de malte e açúcar na Coréia enquanto Bushera é uma bebida à base de malte de milho e sorgo fermentada de Uganda e leite de soja tradicional proveniente da China.
Porém, a indústria tem buscado alternativas mais viáveis para competir com o leite e acompanhamos iniciativas interessantes há alguns anos, que além dos insumos mais tradicionais, utilizam os mais variados ingredientes para produzir análogos de lácteos. Uma patente de 2013 da Austrália, por exemplo, traz uma formulação para leite análogo à base de nozes, com um perfil nutricional semelhante ao leite de vaca. Outra patente mais recente, esta dos Estados Unidos, utiliza amidos de leguminosas para atingir uma consistência semelhante ao leite e derivados.
Apesar dos brasileiros estarem simpatizando cada vez mais com os produtos alternativos, e da diversidade de ingredientes que podem substituir lácteos, no mercado nacional ainda há a predominância do leite de soja como substituto de leite de vaca. Ainda que domine o mercado, a participação de soja para alternativos lácteos sofreu um declínio após a chegada de produtos com outras fontes vegetais, como coco, aveia, amendoim, amêndoa e arroz.
CASO “ELMHURST” E O NOVO POSICIONAMENTO DE MERCADO
Queijos, sorvetes, iogurtes e tantos outros produtos que contenham lácteos, como chocolates e molhos, são ideias para levar adiante. Porém, o que dificulta as alternativas lácteas de conquistar o mercado brasileiro? A questão está em conseguir alcançar duas metas: competir em termos de preço e, ao mesmo tempo, atingir um sabor e textura que agrade o paladar acostumado com o leite. Com isso, o futuro das empresas que desejam investir em análogos de lácteos está em desenvolver formulações com ótima palatabilidade, através de investimentos em ingredientes de alta qualidade e marketing apropriado para atingir o público com restrição de consumo ao leite tanto quanto o público que simplesmente optou por consumir uma alternativa vegetal.
Um exemplo notável de adaptação e posicionamento de mercado é a empresa nova-iorquina Elmhurst Dairy Farms, uma das maiores empresas lácteas da região. Após 92 anos no mercado, fechou a sua fábrica em 2016, devido ao declínio de vendas pela da dificuldade de inovar, para reabri-la um ano depois com foco exclusivo em vendas de bebidas vegetais. Em entrevista para a Dairy Reporter, o atual dono Henry Schwartz destaca que do ponto de vista comercial, observaram um investimento potencial em alimentos à base de plantas junto com a oportunidade de crescimento na indústria. “Nós sentimos que os alimentos à base de plantas são o futuro”, comenta.
No cenário brasileiro é perceptível que algumas empresas já estão um passo à frente e consolidando seus produtos no mercado, enquanto outras ainda estão iniciando seu caminho. É improvável um “caso Elmhurst’ em terras brasileiras tão breve, porém lançamentos de linhas alternativas estão no radar de muitas empresas.