Segundo estimativas do IBGE, em 2025, o Brasil terá cerca de 32 milhões de pessoas acima dos 60 anos e, proporcionalmente, passará à frente de países como Estados Unidos, México e Rússia. Os “novos velhos” possuem novos, renovados hábitos – também de alimentação.
Passamos muito tempo acreditando que ainda somos um país jovem, sem dar o devido crédito às informações demográficas que mostravam o envelhecimento da nossa população. Enquanto países como França e Bélgica levaram mais de um século para ver sua população idosa dobrar de 7% para 14%, o Brasil levará apenas dezenove anos. Esse crescimento é consequência do avanço científico e tecnológico, mas também da melhor aceitação do envelhecimento pela população, que se concentrou em mudar seus hábitos para se adaptar a uma etapa da vida até então desconhecida. A clássica imagem do idoso-de-pijama-sentado-na-poltrona está ficando distante da realidade.
FONTE DA JUVENTUDE
Com a pratica de atividades físicas e o consumo de refeições balanceadas está sendo possível redefinir o envelhecimento. Hoje já é comum encontrar pessoas idosas em academias, se exercitando em parques ou até mesmo praticando exercícios com alta intensidade, como o Crossfit. Além da atividade física trazer benefícios para uma qualidade de vida desejável, pode também ajudar no convívio social, diminuindo ou inibindo a solidão presente na vida de muitas pessoas acima dos 60 anos.
A alimentação é outro fator indispensável para melhorar a qualidade de vida. O “novo velho” está conectado às redes sociais, participa de grupos virtuais e obtém informações que proporcionam suficiente discernimento e melhoram as escolhas. A informação é a maior das revoluções e a indústria alimentícia não ficou de fora de suas consequências.
Há a imensa oportunidade para desenvolver alimentos que satisfaçam as necessidades nutricionais que ao mesmo tempo sejam adaptadas para o público que passou dos 60 anos e ainda se mantém ativo. Não é cabível permanecermos nos mingaus, chás e sopinhas comuns para a terceira idade que tinha dificuldades de mastigação e fraquezas musculares. A combinação certa de nutrientes, como vitaminas, minerais, fibras, carboidratos e proteínas precisa estar disponível em muitos tipos de produtos.
Na Europa, sorvetes ricos em fibras e proteínas estão sendo introduzidos à idosos, para equilibrar a falta de nutrientes utilizando sabores agradáveis, uma ideia interessante para aproximar a indulgência do saudável. No Japão, é comum encontrar produtos adaptados para as necessidades nutricionais dessa faixa etária que contém a palavra “sênior”. Com uma pitada de marketing, o consumidor é instigado a concluir que a vida vale a pena ser vivida em qualquer idade. A indicação na rotulagem é muito importante para este público, visto que os novos idosos buscam novidades nas redes de supermercado e lojas focadas em saudabilidade com muito mais frequência do que em nichos de suplementos na farmácia.
“Juventude e velhice não se opõem; completam-se na harmonia universal dos seres e das coisas.”
Júlio Dantas, escritor
Com a evolução da ciência e a maior familiarização da sociedade com o envelhecimento, a tendência é que essa fase da vida seja encarada com mais naturalidade. A indústria que souber explorar a constatação do aumento do público acima de 60 anos vai sair na frente, investindo em produtos saudáveis que atendam às restrições e as necessidades alimentares, sendo saborosos, modernos, práticos e que induzam o movimento jovial da nova terceira idade. Ou até mesmo oferecendo serviços diferenciados que auxiliem às necessidades de consumo dessa população sem tratá-los como “os vovôs da cadeira de balanço” e muito mais como os “vovôs da corrida ou do surf.”