Sob o guarda-chuva da saudabilidade está uma vasta gama de desejos do consumidor que precisam ser traduzidos em produtos. Assim, vejo como uma excelente oportunidade abrir esta coluna com dados compilados de fácil entendimento. Se você ainda estiver em dúvida sobre o poder do setor de alimentos considerados saudáveis e como ele afetará cada vez mais a cadeia produtiva, vale ficar DE OLHO nestes números.
Presencio há alguns anos a expansão do uso da palavra saudabilidade no setor Alimentício. Nós mesmos da Gramkow não a usávamos lá em 2009 quando iniciamos nosso trabalho. Meu sentimento pela palavra ainda é indefinido – até hoje é difícil localizá-la em dicionários – mas tenho que admitir que “saudabilidade” veio para facilitar nossa vida, e para ficar. Um termo criado para carregar o peso de resumir um conjunto de tendências de consumo relacionadas à busca por maior qualidade de vida. O título da coluna escolhido pela equipe editorial me inspirou a dar a esta coluna o sentido de leveza que ela merece. Ao mesmo tempo em que confere uma responsabilidade enorme, DE OLHO NA SAUDABILIDADE significa muito mais uma forma de expressão sobre o que vivenciamos trabalhando com ela, fazendo dela nosso negócio e nossa inspiração: a QUALIDADE DE VIDA.
GOOGLING
O primeiro gráfico que apresento é um comparativo entre dados globais e nacionais, mostrando o interesse da população através de pesquisas no Google – neste caso, a expressão “alimentação saudável”. Em 2016, a busca por qualquer informação relacionada à alimentação saudável atingiu seu pico de popularidade no Brasil. No mundo, a tendência – que já era mais alta – vem crescendo gradualmente e também atinge picos em 2016. Vejam que utilizei uma única expressão, mas se ampliarmos a pesquisa, as surpresas são ainda maiores. Saltos de popularidade de expressões como “sem glúten”, “sem lactose”, “orgânicos”, são muito visíveis a partir de 2013-14, alcançando picos a partir de 2015.
É MATEMÁTICO: PEQUENO HOJE, GRANDE AMANHÃ
Muitos insistem em ver a tendência pela alimentação saudável como modismo, talvez pelo fato de que representava um percentual modesto de 13% há alguns anos atrás (Dados Euromonitor, 2012). O modismo de ontem virou tendência, e hoje representa aproximadamente 30% do consumo total de alimentos no mundo. A matemática não deixa margem para dúvidas quanto ao futuro, quando o setor de saudáveis cresce exponencialmente em relação ao mercado de alimentos tradicionais.
Em 2015, o Brasil já figurava em 4º lugar em tamanho de mercado nas vendas totais do Varejo Mundial no Setor de Alimentos Saudáveis. Ainda mais importante do que estar em 40 é constatar o potencial real de crescimento do consumo de alimentos saudáveis em mercados emergentes. Nos próximos anos será notável, quando aproximadamente 50% das vendas de alimentos saudáveis no mundo virão de mercados emergentes, que crescem a taxas bem maiores do que a média global. O Brasil oferece uma grande oportunidade para quem desenvolver novos produtos neste segmento.
DE X A Z, GERAÇÕES DESEJANDO A MESMA COISA, DE MANEIRAS DIFERENTES
O que temos desejado por gerações tem sido viver mais, e melhor, direcionando esforços para satisfazer estes anseios.
Viver mais vem sendo alcançado com certo sucesso graças à ciência e melhores condições sociais. A ciência contribuiu ainda com comprovações de que a alimentação é um dos pilares para alcançar nosso segundo maior desejo, o de viver melhor.
Ao analisar as tendências divulgadas por quatro Institutos de pesquisa nos últimos anos, é possível verificar que o apelo central do consumidor por qualidade de vida através da alimentação tem permanecido imutável. O que mudou foi a revolução digital, que rapidamente posicionou o consumidor num novo patamar perante a indústria de alimentos. A considerada consciência “alternativa” de antes, passa a ser a consciência “determinante”.
Em 2030, as gerações X, Y e Z irão conviver de forma massiva com a alimentação personalizada, produtos clean label, fast food saudáveis, apps de compras, porções exatas com mínima geração de lixo, cozinhas hi-tech comunitárias. A ida ao supermercado será muito mais informativa e divertida. A alimentação será uma experiência tão social quanto saudável. E isto tudo já está construído em algum lugar.